outubro 2009 Archives
Let's twitt again

A empresa que ganhou o leilão de compra do prédio da Bloch fez o pagamento com um cheque sem fundos. Faz muito sentido.
9:09 AM May 25th from web
"A mulher invisível" é um filme legal, engraçado, voltado para o mercado (e isso não é ruim). Mas precisava ter recebido dinheiro público?
11:04 PM Jun 7th from web
Tem gente que ri ao saber que existiu o grupo Brazilian Beatles. Acabei de saber que um tal The Australian Bee Gees vai tocar no Canecão!
9:00 AM Jun 18th from web
@LivrosdeFutebol Dez mais do Flu? Tem isso tudo não. Castilho, Romerito, Félix... (Rivelino é do Corinthians; Paulo César, do Botafogo).
4:27 PM Jul 10th from web in reply to LivrosdeFutebol
Roberto Carlos parou o show porque a chuva impedia a leitura das letras das músicas. Só ele que não sabia as letras de cor...
1:45 PM Jul 13th from web
Aquela camisa do Fluminense, com listras apontando para baixo. Sei não, parece algo profético. Não custar trocar o uniforme.
10:06 PM Aug 2nd from web
@marcolisan Irresistível lembrar a frase do Matinas. Tudo na vida tem um lado bom, menos um disco do Gonzaguinha...
12:53 PM Aug 10th from web in reply to marcolisan
Recebi e-mail do Ministério da Agricultura: "Ácaro vermelho: trânsito de bananas de Roraima é liberado".
6:51 PM Aug 14th from web
Deu na Folha: impressões digitais confirmam que o sujeito que diz ser o Cabo Anselmo é o Cabo Anselmo. Enfim uma verdade nesta história..
3:07 PM Aug 15th from web
Manchete de página do Estadão, matéria sobre um filme: "Para dar conta da realidade do Peru". Título do filme "A teta assustada".
5:00 PM Aug 21st from web
"Segundo Sarney, 'não há como controlar' a internet'. Como assim? Ele processou blogueira do Amapá até por comentários feitos por leitores!
12:37 PM Sep 10th from web
RIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
12:51 PM Oct 2nd from web
Três vascaínos - Lula, Cabral e Paes - e o Rio não foi vice!
1:08 PM Oct 2nd from web
@anaestela Comemorar e investigar não são opções excludentes, Ana Estela! Beijos.
1:20 PM Oct 2nd from web in reply to anaestela
Pelo que leio noTwitter parece que só no Rio há roubo em obras públicas. Em SP impera a honestidade. E Maluf não tem conta no exterior!
6:27 PM Oct 2nd from web
Angola: os caras lutaram contra Portugal, escalaram reforço cubano, fizeram uma revolução - e terminaram cantando Ilariê com a Xuxa!
8:19 PM Oct 10th from web
"Patrulhamento reforçado na cabine da PM que foi assaltada no Rio". É isso mesmo: PM reforça patrulhamento na cabine da PM.
3:08 PM Oct 14th from web
O Emerson, zagueiro do Botafogo, deve ser filho do Márcio Teodoro! Como entrega jogo!
1:50 PM Oct 22nd from web
O problema, presidente, não foi a aliança com Judas, mas os acordos com os vendilhões do templo.
10:20 AM Oct 27th from web
Tudo seria registrado em papeletas - amarelas, por exemplo.@gpoli Márcio Braga diz que doping positivo é válido desde que seja às claras.
about 6 hours ago from web
"OK, desde que vc suma de N.Y." - é justo. @lucianotrigo Carta do Gerald Thomas ao Woody Allen: "Por favor, Mr. Allen, não filme no Rio
about 5 hours ago from web
Prêmio Orilaxé

Depois de amanhã, dia 21, receberei, no Teatro Carlos Gomes, o Prêmio Orilaxé, categoria Jornalismo. Esta será a 10ª edição do prêmio, que é concedido pelo AfroReggae. Entre os premiados estão Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz e o Secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri (lista completa aqui). Fiquei, claro, muito feliz ao saber que tinha sido escolhido, o AfroReggae exerce um papel fundamental na mediação de conflitos e no estímulo a atividades culturais, um protagonismo que acabou sendo reconhecido internacionalmente. Pena que, neste ano, a entrega do prêmio seja marcada pelo assassinato, na madrugada de domingo, do coordenador de projetos sociais do AfroReggae, Evandro João Silva.
Literatura e jornalismo

Na terça, dia 27, partiparei de uma das mesas da 13ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo (detalhes aqui). O tema da conversa será 'Jornalismo, cinema e internet'. Na mesa estarão também Guilherme Fiuza, João Guilherme Estrella, Jorge Furtado, Ricardo Silvestrin e Sergio Leo.
Já que o jornalismo será um dos assuntos - e a jornada é sobre literatura - republico aqui um texto originalmente postado em abril. Nele, procuro tratar desta relação tão delicada, a produção jornalística e a literária. Aí ele de novo.
Leitores mais assíduos podem achar o blog meio esquizofrênico. Afinal, o espaço é emoldurado por livros, tem nome e design que remetem ao meu último romance - e, por aqui, pouco trato de literatura. Isso é mais ou menos proposital, nunca pensei em criar um espaço dedicado à discussão de livros. Ao contrário de outros colegas como o Sérgio Rodrigues e o Marcelo Moutinho, não me sinto muito à vontade para tratar do tema. A dupla militância - jornalista e escritor - já me criou suficientes questões. Creio que teria dificuldades para, por exemplo, resenhar livros. Prefiro marcar uma posição: em se tratando de literatura, sou ator, jogo como escritor, não como crítico.
O engraçado é que atividades aparentemente tão próximas como o jornalismo e a literatura são, na prática, muito distantes. Uma distância que, com o tempo, foi ficando ainda mais evidente para mim. Há talvez, grosso modo, uma separação básica: jornalistas buscam simplificar, traduzir, dar respostas. Escritores tendem a problematizar, a apresentar e aprofundar questões. O teclado que os (nos) une é o mesmo que nos separa. Nesta sempre inglória tarefa de hierarquizar e traduzir o mundo, nós, jornalistas, tendemos a rotular fatos, contextos e pessoas. Precisamos sempre creditar o entrevistado: médico, advogado, deputado, operário. Os que militam em mais de uma função nos causam problemas: advogado e músico, dentista e bailarino, paisagista e piloto de stock-car.
A duplicidade de funções incomoda, transtorna; complica a nossa função jornalística de tentar colocar ordem no caos que, a cada dia, se apresenta diante de nós. Tendemos a ser rígidos na hora de organizar macacos e seus respectivos galhos. Isso pode se voltar contra nós na hora em que, enfim vidraças, nos tornamos objeto de trabalho de outros jornalistas. Chega a ser curioso um movimento que talvez busque a união entre as duas personas. Cristiane Costa, autora de Pena de Aluguel (Companhia das Letras), livro que trata de jornalistas que escrevem ficção, ressalta que, a partir do início dos anos 80, "escritores que trabalham em jornal vão se afastar das editorias de hard news, como Política e Geral, e preferir as editorias de cultura, vinculando-se diretamente ao mundo intelectual e ao meio editorial".
Não foi o meu caso: cheguei a fazer muitas matérias para segundo cadernos, a escrever resenhas de livros, crítica de cinema e até de ópera (neste caso, uma vez só). Mas, há mais de uma década, sigo uma espécie de ortodoxia ligada à apuração, redação e edição de reportagens. Não deixa de ser curioso que meu primeiro livro - um romance - tenha sido gestado quando eu trabalhava como repórter de TV. Talvez a simplificação inerente ao veículo tenha radicalizado algumas importantes e necessárias contradições.
Nisso tudo há algumas certezas. A primeira delas é um lugar-comum: a vida é mais rica e contraditória que a ficção (Antonio Expedito Perera, personagem de meu livro jornalístico, O homem que morreu três vezes, me provou isso). A segunda está ligada à constatação anterior: a ficção ainda é a melhor alternativa para ao menos se buscar tatear contradições, angústias e possibilidades humanas. Neste ponto, o instrumental jornalístico se mostra quase sempre frágil e limitado. Seres humanos não costumam ter lide. Melhor: seus lides tendem a ser falsos, conversa pra jornalista dormir. Daí que coleguinhas como Gay Talese e Truman Capote se agarraram à bóia ficcional na hora de reportar aspectos menos evidentes de seus personagens de carne e osso. A dor da gente não sai no jornal, como diz o samba que tanto cito no Notícias do Mirandão.
Feita esta separação de métodos e, vá lá, objetivos, fica mais fácil vivenciar os universos do jornalismo e da ficção. Nunca exerci outra profissão, sou jornalista há quase 30 anos, gosto disso. E não vejo muita chance de migrar para funções em redação que, como disse a Cristiane, se vinculariam a atividades mais afins com a literatura. Com o tempo - meu primeiro livro é de 2002 - passei a achar que é até melhor assim. Sou jornalista e escritor como poderia, como tantos outros, ser médico e escritor, funcionário público e escritor, professor e escritor. Acho que isso não chega a ser tão complicado assim. Não busquei a literatura por suas semelhanças com o jornalismo, mas por suas diferenças.
Verdades cariocas

As resenhas e reportagens sobre Mentiras do Rio (Record), livro de estreia de Sergio Leo e que faturou o Prêmio Sesc de Literatura, não esquecem de citar que o autor é jornalista, carioca e mora em Brasília. É assim mesmo: nós, jornalistas, gostavamos de definir, enquadrar, delimitar campos. Não deixa de ser tentador o mote de classificar o livro de contos a partir da biografia do SL: um jornalista carioca exilado em Brasília teria um distanciamento suficiente para produzir algo crítico, que desconstruísse a imagem de um Rio encantado. Mentiras do Rio teria assim um título que resumiria esta desconstrução.
Mas as mentiras são outras. De cara, o livro tem muito pouco a ver com o SL jornalista. Esta talvez seja a primeira mentira ou armadilha que ele plantou. Se existe algum (argh!)determinismo biográfico no livro isso tem a ver com uma faceta menos conhecida do autor. O SL é também artista plástico - desenha, pinta e, se não me engano, andou se arriscando pela gravura.
Então, suspeito (e essa suspeita é útil apenas para a construção do comentário, para uma determinada leitura): o escritor Sergio Leo tem muito mais a ver com o artista plástico do que com o jornalista. As melhores histórias de Mentiras do Rio são como quadros que isolam alguns momentos e que dão ao observador a possibilidade de criar possíveis passados e futuros para os personagens. Atire o primeiro pincel quem nunca fez isso diante de O absinto, de Degas, ou das obras de Edward Hopper.
Há no livro diversos contos que incorporam esta lógica, que permitem ao leitor tornar-se cúmplice - do autor ou mesmo dos personagens - na busca do que veio antes e no que pode ter ocorrido depois. SL parece divertir-se com esse jogo - tanto que lança pistas falsas, caminhos tortos. Chega a abrir um conto ("Mentira"), com a frase: "Isso é falso." Nesta pantanosa faixa erguida entre tantas dúvidas desfilam personagens como velhos solitários, a putinha desamparada e o artista plástico que tenta, a partir do trabalho de um colega, criar uma obra que, de certa forma, questionaria a lógica desenhada e propagada por aquele primeiro autor. Daria certo? Respostas no livro.
Mentiras do Rio tem até uma espécie de conto-manifesto, "Iuygfln", uma história em que um estranho idioma surge num determinado terminal de computador, para fascínio e desespero de seu leitor solitário, que passa a viver em busca dos mistérios escondidos por trás de palavras aparentemente óbvias. É ali, naquele caos de consoantes e vogais, que ele descobre um outro jeito de ver/ler aquilo que o cerca. Até porque, no fim das contas, cada um de nós tem seu próprio idioma, sua maneira de ler o mundo; como uma pintura que varia dependendo da luz e dos olhos de quem a vê. Se a Verdade é inexistente por definição, cabe procurá-la e construí-la entre tantas possibilidades - o que inclui, claro, o recurso a algumas mentiras.
E por falar em mentiras: sempre soube que o Sergio Leo era cearense. Pelo visto, essa história de ter nascido do Rio não passa de outra armadilha do autor.
Um casamento cheio de fé

Espetacular definição - ecumênica, generosa e lírica - do amigo e parceiro Simas, alvinegro de fé:
Já escrevi em certa ocasião que somos os filhos do mais improvável dos casamentos, entre o meu compadre Exu e a Senhora Aparecida - a prova maior de que o amor funciona. E Tupã, que se vestiu com o cocar mais bonito para a ocasião, celebrou a cerimônia entre a cachaça e a água benta.
E mais:
Uma das nossas mãos está calejada pelo contato com a corda santa do Círio de Nazaré - a outra tem os calos gerados pelo couro do atabaque que evoca as entidades. As mãos do Brasil e do seu povo.
Quer mais? Vá lá no blog Histórias do Brasil.
Rio e São Paulo, por Renatinha

Andar no Rio de Janeiro, pela manhã, com essa luz, com esse sol, vendo o mar e essa paisagem deslumbrante chega a me dar raiva. esta cidade é uma aberração. Não há como fazer jus a este cenário. Ninguém aguenta a responsabilidade de viver num lugar tão lindo. Em São Paulo, você pode ser infeliz à vontade. A sua miséria se junta à miséria da cidade e vira tudo uma coisa só. Vive-se com mais naturalidade. São Paulo deixa você ser quem você é. O Rio é uma cidade para semideuses.
Renata, paulistana protagonista de Hotel Novo Mundo, romance de Ivana Arruda Leite, paulista de Araçatuba.
Rio

Faz tempo, muito tempo. Estava no Rio Grande do Sul e fui questionado por um colega gaúcho. Bomba de chimarrão em punho, ele acusou o Rio - não é exagero usar o verbo acusar - de não ter personalidade. De ser algo meio assim despersonalizado, sem cultura própria.
Tentei explicar para o sujeito que, pelo contrário, nossa lógica era outra. O melhor do Rio é a capacidade que temos de absorver e processar diferentes culturas. Tem a ver com o porto, com o fato de a cidade ter sido capital. O Rio aprendeu a se misturar: foi dessa mistura que saiu o que chamamos de música brasileira, fruto da interação entre pobres e ricos, negros e brancos. Do encontro virtual entre Cartola e Noel (branco, estudante de medicina). Essa mistura, produziu algo novo, diferente, específico e não excludente. Nossas escolas de samba cresceram porque foram incorporadas à lógica da cidade, não se tornaram guetos.
No Rio aprendemos a conviver com estrangeiros, a incorporá-los: Ruy Castro ensinou como judeus fugidos da Europa ajudaram a criar uma Ipanema libertária. Com meu pai - mineiro - aprendi que o Rio é generoso com quem vem de fora, de outros estados (os Quatro Mineiros - Paulo Mendes Campos, Sabino, Pelegrino e Otto Lara - se tornaram mais mineiros no Rio. E, por isso, se tornaram também cariocas). De alguma forma, o Rio sintetizou uma idéia de Brasil, virou referência, ponto em comum entre oiapoques e chuís.
Não adiantou muito: metido em bombachas virtuais, o cara insistia: falta de personalidade. Eu tentei conciliar: disse que o avanço das contradições, da violência e mesmo da barbárie ameaçava o que tínhamos de melhor, a tal capacidade de trabalhar tantas e tantas culturas. O que temia - e o temo - é o isolamento, não a mistura. Bem, o sujeito não se convenceu, o problema é dele.
Tudo isso é pra dizer que torço muito para que o Rio, coração-do-meu-Brasil, saia vitorioso na disputa pelo direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Apanhamos muito nos últimos 50 anos. Deixamos de ser a capital, fomos fundidos na ditadura. Perdemos, perdemos. Chegou a hora de recuperarmos, de faturarmos alguma recompensa. Vai ser bom pra todos, todos que somos cariocas - segundo o último censo, quase 200 milhões de brasileiros.